O Lado Escuro da Arcádia

A natureza pediu-me

Que abraçasse a vida

A vida convidou-me

A um rápido passeio

E, de anúncio despida

É que a verdade me veio

Neste vale, o tempo

O tempo é como as folhas

Nesta caminhada,

Não me disseram

Não se oferecem escolhas

Tão-somente esperanças dilaceram

Às vezes é tão comum

Sentir-me como um estrangeiro

Fronteiras levam-me de volta

A velhos mundos de desjejum

Velhos mundos de um estranho

Velho estranho, eu mesmo!

Acenos no acostamento

Sobrevivência em conservas

Negras nuvens, invisível horizonte

Sonhos no esquecimento

Novo sangue, mundo sob trevas

Almas às rédeas, ó Caronte!

Olhos que não se abrem

Sinto espinhos impassíveis

Meu nervo ótico rasgarem

É cedo para a ruína abraçar

Vem-me a Hidra em feiuras indizíveis

No próprio Hades minha frieza abrasar

Um abrigo na tempestade

Unindo heróis e renegados

O cenobita em delírios de volúpia

Involuntário prazer, grilhões da castidade

Ira e inocência docemente castigadas

No irromper de auroras em núpcias

É o mergulho que tento evitar

Quando o tempo revela degradação

Houve tempo ao sacrifício no altar

Impõe-se novo levante do pó da criação

Nos humanos desejos de diamantes

Ecoa o lamento dos últimos navegantes

Isaque
Enviado por Isaque em 10/09/2016
Reeditado em 09/07/2017
Código do texto: T5756251
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