aquarelas da metrópole

ao meio dia

a rua é larga

o céu é fundo

o sol difuso

a prata não é ouro

o inferno nunca será céu

No teu rosto o véu de nuvens

é denso

Quem canta esta canção

acesa em pranto

no oitavo andar?

A moça que subiu no elevador

agora se angustia

olhando os números a passar

e seu coração acelera

"como será ele"?

Na banca de jornal

estranho parece

o mundo nas notícias coloridas

as guerras têm cor de medo e dor

têm crianças mortas

crianças carregando crianças

ao deus dará

Meus passos não tem som

e na sola das sapatilhas

penetra o calor do asfalto

quando eu penso que aquele carro

podia me atropelar...

(pessoas feito baratas tontas)

Paro diante da vitrine

e descubro surpresa, a minha imagem

no espelho

"que susto"!

Ao sol do meio-dia

na cidade, a rua é

um quadro surrealista

Ao sol do entardecer

a praça da igreja é um quadro de Matisse

e eu quase menina

enfim recosto a cabeça

e bebo a sombra

da tarde que se vai...