Aníbal

"Apodreçam-se de deuses as mantas

Desçam-se ao mar as montanhas

Afogue-se em mim da vida o sopro

Mas acesa mantenha-se a pira da vingança!

Ódio somente ao inimigo, ó pai, juro-te

Firmando pois, em rito de sangue, eterno elo!"

Soam os tambores do combate

Ecoam gritos de fúria

Já não há barricadas

Já não há fortalezas

Descendo a colina

Rasgando o horizonte

Morte em campo aberto

Hordas urram

Hordas bramem

Pela terra!

Pela honra!

Pela glória!

Guiamos infernais feras

Devastamos vivas florestas

Celestes montes alcançamos

Suportando o frio

Abraçando o fogo

Infindáveis noites marchamos

Pelo espólio!

Pelo ouro!

Pelo Sangue!

Eis a oportunidade

Para igualar o inigualável

Alma bárbara que mastiga a dor

Alma bárbara, és resistência

Tormenta incessante na noite

O inimigo monta a própria coragem

Em marcha sob o luar

Encontram-se as bandeiras

Chocam-se as colunas

Selam-se os destinos

Contra a neve tombamos

Fecham-se as tropas em arco sufocante

Levanta-se o pó da história

Deuses do aço e do sangue

Eternos campos de rubro luzir

Eternos sacrifícios em sangue insculpidos

Sob a sombra do cajado da morte

Finca-se o último estandarte

Ao mando de deuses saudamo-vos

À hórrida peleja da aniquilação

Buscamos as vozes

Buscamos as faces

De todos os deuses caídos:

Escuridão, única resposta

Eis então tamanho abismo

Insuficiente a tamanha ruína

Sufocam-se os ganidos por misericórdia

Crueldade, real preço da disciplina

Sem tempo para escolhas

Sem tempo para a fé

Enegreça-se a esperança

Antes que se abalem os pilares em Cartago

Eis a era da verdadeira maldição

Ao dia em que viram a luz tantos nascidos

Isaque
Enviado por Isaque em 22/10/2016
Reeditado em 22/10/2016
Código do texto: T5799538
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.