A casa do sol poente

Tudo dorme na casa vazia.

As cartas nas gavetas,

os livros empoeirados nas estantes.

O passado passeia pela casa,

como eterno visitante.

De repente, saltam dos espelhos delírios e sorrisos.

Os sonhos em trajes de graça.

Tudo que permaneceu vivo

e o que nunca chegou na vida que passa.

Desperta a casa.

Despertam vozes vivas,

orações, acalantos,

as lágrimas de tantos.

Também estrelas nas vidraças dissolvidas

pelos ventos dos desencantos.

De frente para o sol poente,

fortaleza como uma grande árvore

a casa ousa sua solidão de gente:

- sonha em ser ninho nos fins de tarde.

C.G.Sul, 20.06.2015