***Farça***
Cobri o luto dos meus olhos
Com óculos escuros
Deixei que lágrimas escorressem
Para que ninguém assistisse o absurdo
Cobri a boca no pó da terra
Para que os micróbios a reconhecem
Quando do dia do meu adeus
Sozinha. Para que ninguém assistisse
Minha fraqueza
Calei
Encobri palavras
Metáforas em poesia
Como um bicho que se disfarça
Para que ninguém reconheça minha natureza:
Camaleão
Cobri e encobri todos os erros
E acertos também
Para que ninguém sofra por mim
Pra sofrer, já basta “Eu!”
Armei um circo invisível
Onde a tragédia do palhaço
Fosse aplaudida no palco
Vestida em cores e adornos
Sofri sozinha
E engoli o choro
Nem sei se representei
Bem ou mal
Na verdade
Nem assisti ao espetáculo final
Rose de Castro
A ‘POETA’