***Farça***

Cobri o luto dos meus olhos

Com óculos escuros

Deixei que lágrimas escorressem

Para que ninguém assistisse o absurdo

Cobri a boca no pó da terra

Para que os micróbios a reconhecem

Quando do dia do meu adeus

Sozinha. Para que ninguém assistisse

Minha fraqueza

Calei

Encobri palavras

Metáforas em poesia

Como um bicho que se disfarça

Para que ninguém reconheça minha natureza:

Camaleão

Cobri e encobri todos os erros

E acertos também

Para que ninguém sofra por mim

Pra sofrer, já basta “Eu!”

Armei um circo invisível

Onde a tragédia do palhaço

Fosse aplaudida no palco

Vestida em cores e adornos

Sofri sozinha

E engoli o choro

Nem sei se representei

Bem ou mal

Na verdade

Nem assisti ao espetáculo final

Rose de Castro

A ‘POETA’

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 29/07/2007
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