O navio fantasma

Na amargura da vida,

Crescendo sozinho,

Com o cheiro do mar,

Os lindos navios,

Que deste porto partem, para nunca mais voltar...

Minha vida vazia tento preencher,

Com riscos e medos,

Olhando os navios,

Querendo estar ali...

Na calada da noite,

Uma grande tempestade,

Todo porto ficou em silencio,

Medo, pavor...

Eis que lá de longe,

Podia se ver,

Um enorme navio,

Os mais velhos choraram...

Um navio fantasma,

Bem na minha frente,

O fantasma do capitão,

Logo saiu gritando,

Por uma nova tripulação...

Eu tremi,

Senti que deveria ir.

Era minha chance de ter historias para contar,

Mudar minha vida,

Ter lindas frases em minha lápide...

Aquele homem vazio me olhou.

Pude ver o vazio em seu coração.

Ele sorriu.

Então eu fui...

Tripulação de mortos,

Apenas eu vivo,

Lobos do mar,

Adoradores da água salgada.

Sou um deles agora.

Um pirata...

Longe de casa estou.

Navegando com fantasmas.

Estou muito feliz.

Nosso capitão me ensina muitas coisas...

Ele diz que sou um ótimo aprendiz.

É meu primeiro elogio.

Sinto-me importante...

Abrimos as velas,

Mudamos o curso para o norte,

Os tambores tocam mais fortes,

Estamos saindo do mundo conhecido por homens...

Toda tripulação se reúne para ouvir as historias do capitão.

Ficamos com medo

Nessa imensidão de água.

O que habita seu fundo sombrio?

Todos são ótimos marujos.

Gosto daqui.

Estamos navegando em um mar

Que parece o céu.

Vimos uma cidade lá em baixo, eu juro...

Voando ou navegando,

Eu não sei,

Tudo é maravilhoso.

Algo esta vindo...

Em nossa frente,

Uma criatura que cheira podridão.

É o monstro das águas profundas.

Seus mares são de lágrimas...

Ele urra e quer atacar.

Nosso capitão da à ordem.

E balas de canhão falam por nós.

Ele volta para o fundo triste de onde nasceu...

Na terra de gelo e neve

Vi algo triste.

O vale dos suicidas.

Em sua solidão eles se enterram...

O navio passou devagar.

Tentando ajudar.

Mas ninguém queria ser salvo.

Seus olhos escuros diziam tudo...

Então vimos pessoas mergulharem para morte.

Nas águas frias do norte.

Seus corpos eram puxados para o fundo.

Assim eles queriam...

A tripulação fantasma chora pelo destino deles.

Não estamos aqui para julgar.

São donos de suas vidas.

Apenas é uma cena perturbadora...

Nosso capitão quer ir para o leste.

Tem aventura lá.

Até ele chora vendo isso.

São mortos sentindo pena dos vivos...

“Levante as velas e vamos embora!”

Tente dormir com todos aquelas pessoas caindo

No fundo dessas águas escuras e sem vida,

Onde os túmulos são o fundo do mar...

O sol nasce aqui,

Isso quase nunca eu vi em minha vida.

É lindo.

Um novo mar, uma nova aventura.

As águas são violentas.

Todo o navio balança.

Por um momento penso que vou morrer...

O capitão gritando, controlando o timão.

Mostra o que devemos fazer.

O mar esta furioso.

Mas para como afundar um navio que já afundou?

Boa sorte amigo...

Este navio não afunda mais.

Então o mar se enfurece.

Assim como as pessoas

O mar também é mau.

Brinca de destruir...

Atrás de cada onda

Podemos escutar

Sua risada.

E um palavrão do nosso capitão...

Eles são velhos inimigos.

O mar furioso e o capitão morto.

O mar traz algo clássico:

Ai vem uma enorme baleia...

O navio vira uma praça de guerra.

Estamos lutando.

Não vamos afundar...

Terrível baleia.

Maldita seja nos setes mares.

Olhou nos olhos do capitão.

Sentiu respeito e admiração...

Então afundou sua carcaça morta.

Em águas frias e esquecidas.

Para nunca mais desafiar um lobo do mar...

Nas ilhas dos deuses estamos passando,

Lindas sereias estão cantando nos recifes.

Elas chamam a tripulação.

Que há muito tempo esqueceram o que é prazer...

Fantasmas vão ao encontro delas

Mal elas sabiam que eles eram treinados...

As sereias gritaram tão alto que Poseidon,

pode escutar,

Mas nada fez...

Passamos no vazio.

É um lugar de silêncio.

Antigas entidades dormem aqui.

E aqui esta uma serpente que fala.

Ela tem ofertas...

Com palavras doces,

Tenta seduzir a tripulação.

Mas não consegue.

Uma mulher nua entra no navio.

Ela é o pecado.

Ela já foi o motivo

De uma vila inteira morrer.

Mas aqui ela não é nada...

Estamos navegando no desconhecido.

Vendo aquilo que os olhos não veem.

Estamos sem rumo.

As águas tristes do mar mostram o caminho...

Ninguém reclama.

Foi nossa escolha.

Levantar ancora

E partir...

No balanço do navio sem vida.

Com mais vida que meu coração.

São ótimos amigos.

Piratas mortos...

“Limpem o convés,

Tragam mais vinho,

Carreguemos canhões,

Não tenham medo do desconhecido...”

Olho para o fundo.

Será minha cama.

Sinto frio.

Sinto medo.

Minha vida esta aqui.

É isso que quero?

Então meu contrato acaba.

Meu capitão fantasma me dispensa.

Triste estou, e ele sabe.

Ele fala sobre regras.

Então tenho que deixar meus amigos mortos...

Ele me chama particular.

E diz que sou um ótimo marinheiro.

Diz para eu montar meu próprio navio.

Eu vi a vida e a morte e o mar...

Um dia terei meu navio.

E nós iremos navegar junto pelo desconhecido de novo,

Meu capitão.

Cristiano Siqueira 16/12/16

cristiano siqueira
Enviado por cristiano siqueira em 17/12/2016
Código do texto: T5856019
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