Chuva de Placenta

Chuva de Placenta (e merenda escolar)

Acabo de rabiscar com sangue

O espaço em branco desse maldito conto

Da janela do quarto,

esparramado na cama

Ouvia os pingos brandos,

derramados em ódio de desabafo.

O odor úmido de sangue quente

E o vapor negro de óxido-metal

Ardia como enxofre minhas narinas

Enquanto em prantos o firmamento declamava seu lamento sangrento

Pela escuridão nefasta de orgia

Emanada de sujeira muda de alegria

não eram gotas de água

que os céus mandavam

Era placenta podre que despejava!

Podre! podre! podre, como carniça

de uma dama infectada por sífilis, Aids e gonorréia

E a chuva pútrida de odor de sereia

Emanava a tristeza do feto sem vida

Com garrafas e funis prateados

Satanás ordenou que recolhesse a enxurrada

De sangue, placenta e pedaços de feto

Para que fizesse a sopa

Da nutritiva merenda escolar...

BILU
Enviado por BILU em 11/05/2017
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