O grito de um silêncio
No silêncio procuro abrigo
E até nele encontro palavras
Bocas que as murmuravam a todo tempo
Hoje permanecem caladas
O silêncio agride as mágoas
E agora tento me esconder
De um silêncio inconseqüente
Ao qual fui me submeter
A ampulheta se esvazia
O tempo está passando
A cada mexer de ponteiros
A contar minutos traiçoeiros
Momentos derradeiros
Silêncio impreciso
Perda de todo juízo
Silêncio incessante
Eterna cena inconstante
O melhor caminho a seguir
Caminho de vozes alteadas
Caminho de cantos exagerados
Conversas diversificadas
Onde o silêncio não se encontre
Nem encontre boca para se instalar
Que as mágoas ele não venha ressaltar
Com seu grito mudo a ecoar.