Inóspito

Há uma lágrima que se cristalizou no meu olho 

Há uma lágrima que decidiu não escorrer
Uma lágrima que não pode ser chorada, 
pois se fosse, matar-me-ia,
assim transformou-me em estalactite
Há uma dor que precisou ser silenciada
Há um universo que está sumido, 
feito pesadelo apenas fosse
Há um exílio sem retorno na minha alma
Há uma multidão de personas que me invadiu,
embora parecesse una, são múltiplas
Caminhei pelo hospício instalado numa mente,
passeei tranquila por alas perigosas
e fui resgatada no limite exato
Precisei partir de mim, porque não há espaço
Por ora sou estalagmites na minha caverna,
que é úmida, pegajosa e hostil
Há um lamento silente que não ecoa, 
porque nada há que o console
Eu vejo a nudez das minhas profundezas
Sei que sou o meu caminho em direção a liberdade
Sou meu maior e mais assustador conhecimento,
que diante do universo, continuo sendo eu
Nenhum abridor de latas me exporia,
pois sou sangue, órgãos, ossos e mais;
sou razão e emoção, sou humana, ainda sou...
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 25/12/2017
Código do texto: T6207697
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