Um imenso clarão

Nem sei mais o que pensar

Sobre as pedras que não ganhei

Sobre as histórias que não ouvi

Só o silêncio e nada mais

Como um barco lindo que se foi

E que nunca mais voltou ao cais

Fico imaginando mil e uma coisas

Algumas totalmente absurdas

Outras irremediavelmente verdadeiras

Preciso de notícias urgentes

Saber por onde anda aquele escritor

Que escrevia cartas freneticamente

Sem saber que falavam de amor

No meu corpo ainda tatuado

Pelas lembranças nunca esquecidas

Onde anda aquele pintor

Que nas loucuras das horas eternas

Usava meu corpo como tela

Sem perceber que o desenho esquisito

Daquele balé onde tudo era permitido

Deixaria impregnado nossos gritos

Por onde anda aquele ladrão

Que roubou minhas angústias e solidão

Que levou embora minhas noites escuras

Que rasgou minhas doces amarguras

E agora só clarão....

Um clarão que dá pra ver

O que eu não quero ver..

Um imenso clarão.....

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 25/01/2018
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