Refúgio

No que me permitem o paraíso

fecho a cara, guardo a outra face

No que o encalço da loucura sem limites se coloca ante minha presença

entre os transeuntes

tomo-me como o mais fraco

dos deuses o mais forte, quem sabe

por calúnia e vergonha, por medo do que não posso espalhar

pelos amigos que mudam de mesa

pelos que se escondem debaixo delas

algo que temos entre nós dois e que ninguém pode perceber

e que me faz gargalhar toda noite

eu mostro, dentro da sombra de estimação

incríveis maravilhas

e a mágica está completa

e voce jamais poderá me ver

e me ter como gente direita

e me ouvir cantar a hipocrisia das costas largas

e a beleza dos prazeres decompositores

cheios de rimas e métricas consoladoras

desfaço-me da rima e da métrica

disfarço-me para que alguém tenha pena e se coloque acima da minha pessoa, algo que faço de bom grado

para ver sorrisos saltitantes antes de livrar-me da minha própria imagem

no que quebro o grande espelho e continuo mentindo para mim mesmo,

o maior dos acreditadores

querendo ser rei e destituir todos os reinados

cri ser fantasia o que era realidade

e agora,

morto pela própria poesia

o poeta mais uma vez

encontra refúgio em um sonho.

Igor Marques Rodrigues
Enviado por Igor Marques Rodrigues em 21/02/2018
Código do texto: T6260113
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