Do ouro e da glória
Crianças ricas em olhos azulados
Peles brancas, derme de veludo, cabelo de safira
Um brinquedo nas mãos para ocupar-lhe a mente
e não berrar para as paredes de som
eu não me comporto assim, eles dizem
arautos da providencia divina, eles se dizem
os césares quase choram de pena
gênios indomáveis, monstros marinhos
todos mandam condolências
diante de tamanha tristeza
o filho do homem vai a luta
de dentro das suas roupas de seda
entre seus colares de madrepérola arcana
suas asas valentes
Sua mãe lhe deu um navio, seu pai lhe deu um aeroporto
os homens da lei lhe pediram propina
pondo os pingos nos is e o brilho nas carreiras
retiram-lhe as tornozeleiras invisíveis
agora está tudo certo, agora deus está com seu pequeno grupo de eleitos
agora brincam de guerra civil com os conhecidos
e seus brinquedos são muito convincentes
Os inimigos?
queimam vivos, este que te rodeia e que te protege com o olho
no escuro, escondo minhas partes visíveis
o resto é esfregado em todas as caras
silenciando todos os pensamentos
e afogando todos os corações com cimento
em livros pequenos, em decretos que passam despercebidos
pelo vale das alucinações
o assassino declara seus feitos
mas para no meio do caminho
encantado com a beleza das ervas e a leitura das nuvens
o carrasco ergue a foice bem alto
os pássaros voam como nos filmes, a luz ofusca a vista curiosa
se estou morto, se estou vivo
o telefone cai da mão desprevenida, o tiro ricocheteia nas paredes do cranio
um túnel do tempo
eu dou a volta
as cenas passam de trás para frente
pauso a passagem das horas
o momento, eu o imortalizo
e ele se efemeriza e já é maior que o mundo
tão grandioso como qualquer outra referencia associada sentimentalmente pelo leitor
algo que marca a pele como uma espada de fogo
acariciando nossa cabeças tristes
com as mãos frias de um viciado.
Ainda assim
como são atraentes os caminhos que levam para o fim do mundo!