Minhas mãos falam

O coração esconde, disfarça.

Todavia, as mãos revelam...

Em seu dorso, em sua palma.

As mãos, mais que os olhos,

São mapas da nossa alma.

Cada ruga, cada cicatriz,

Cada pinta, calo ou linha,

É uma história, uma sinfonia,

Um poema, escrito em giz,

Ou em borra de carvão!

Minha história, minha mão...

Aquela marca mais profunfa,

Ao lado da outra, de nascença,

Aquela no formato da letra "u"

Começa no dedão e segue ao lado

Foi do cãozinho atropelado.

O "Scooby two", você lembra?

E a outra no indicador?

Quando fazíamos pipa?

Se houve dor, nem lembro.

São traços da nossa vida

Ou garranchos da escrita,

De um momento de amor!

Minhas mãos, palcos da vida!

Ninguém as lê como eu...

Têm seu próprio abecedário

Somente eu e Deus,

Pois são criptografadas

E preparam a despedida

Para estrearem nos céus.

Minhas mãos são meu diário!

As mãos falam de um jeito,

Suas marcas são uma oração.

Talvez por isso no velório,

São postas por sobre o peito,

Para assim, em evidência,

Servirem de petitório,

À Divina Providência,

Conceda, enfim, o perdão.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 17/03/2018
Reeditado em 19/03/2018
Código do texto: T6282352
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