Descompasso
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Há um descompasso
nas minhas horas paradas.
O imobilismo das paredes
só almeja ser exasperante;
e até consegue.
Um desespero de causa
agita-se, caiado,
acima da tijoleira
e ainda do assumir
que tudo se passa para lá
do plano de verticalidade
e aquém dos contornos
de um reboco incauto.
O que é tão certo
como parecer represália
é que a minha mão meneia
a minha escrita prossegue
não menos obstinada
que o seu mandante.
De resto,
não se tenha por óbvio
que o dito, seja eu,
assim, tão de ânimo leve.
Lá isso, não! Não tem de ser
tudo como se achar,
nem pouco mais ou menos
pois que eu só me subscrevo
se concordar.
Ora com certeza
e com aquele minimozinho
de arrogância que até
se pode e deve ter
quando se está a lidar
com nós mesmos
e sem se perder de vista
o pragmatismo reflexo.
Absolutamente!
Pois que o pragmatismo
é coisa muito bó-ni-ta !
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___________________LuMe
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