Contratempos

O meu ser humano,

pouco esteve com o seu ser humano,

a sós, o que chega a ser quase desumano.

Será o seu ser humano um ser solitário?

O meu beija-flor jamais tocou a sua flor,

num flagrante desperdício do néctar não aproveitado.

Coitado!

E o que tinha de ser, nem foi,

mas para onde é que ela foi

e para onde vou agora, querida aurora?

Nessa forte neblina e as borboletas fogem,

em busca do sol nessa mata tão densa,

tensa, intensa e essa é a intenção.

Perdão,

mas o beija-flor está preocupado,

com o ferrão da abelha contra a flor.

Amor é para quem ama,

nesse arranhão que nem sara e nem inflama

e não se trata de tê-la na cama,

mas na neblina,

toda e qualquer imagem é a dela.

E pensar que capixabas e mineiros,

um dia brigaram pelo direito ao mar.

Mas isso foi num outro tempo

e de novo,

foi esse mesmo tempo quem errou.

A pessoa certa na hora errada.

Mas que roubada!

O frio, um calafrio

e o que disse o seu olhar?