A METADE NEGRA 

Mostra-me a face oculta,
Agora, sem medo; sim, exulta!
Deixa transparecer todo o ódio,
Sem trégua, sem qualquer episódio.

Da extrema quietude à dualidade,
Do esconderijo fortuito à saudade,
Lá no fundo da mente desencavado,
Para então ver o sentimento soterrado.

Em feições belas escorre o fel,
Bebe doce como espasmo revel,
A revelação num vislumbre se descortina,
Seduz o ingênuo que em temor desatina.

Quando num ímpeto primitivo,
Entrega-se deliberado ao prazer altivo,
Sem amarras, sem mero juízo de valor,
Amálgama egotista que sobreleva a pura dor.


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Marcus Hemerly
Enviado por Marcus Hemerly em 30/07/2018
Reeditado em 22/10/2018
Código do texto: T6404478
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