CADÁVER SUBLIME

Dissabor a bordo

Só tu e eu

Como o tempo parava

Na vaga do silêncio

E as nuvens no ouro da noite

Rolavam à volta do sonhos da gente

Tu e eu olhávamos a vida retida

Em retina espairada na íris

A fechar-se em pálpebras carregadas

Do sono de amor.

Eu eu provava o sereno

A seguir ao sonho

E tu odiavas a morte já lida

Num futuro previamente risonho

Acordar tarde e dormir depois do amor

Em dias seguidos

Sem esperança

De chegar a qualquer volta

Das nuvens mais além.

Eu fiquei-me a queimar na noite

Tu seguiste o dia ardendo loucura

E nunca estavas onde adormeci.