Plumas para um véu à minha noiva morta

Disparo em ventanias obscuras

Buscando plumas para um véu à minha noiva morta

Mas de alguma forma amanhece no jardim

E ela fica por um tempo na memória

E some como se estivesse voando

Por um pequeno e inexprimível céu

Sua boca minúscula me leva ao êxtase

Como um menino que viu um rio

Pela primeira vez

E o rio é intenso como os versos iniciais de um poema ruim

Que eu mesmo escrevi

Quando não sabia me perder... e me perdi

Disparo em rouxinóis palavras e movimentos

Vazios e coisas afins, partindo de um lugar inexistente

Para uma alma tranquila que verse

Sobre a magia da dor

O coração acumula mágoas

Mas o brilho dos teus olhos as dissipam

Tudo está parado; no entanto, nada é real...

João Barros
Enviado por João Barros em 04/09/2018
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