Momento
Corredores aéreos a gosto contrafeito
Que te tenho e descubro em branco.
Guitarras que gotejam de ardor.
Anoto que quem voa sobeja para amanhã
Como sempre
Como era
Como dura
A espera e a doença de quem pede
Eu vi-te
Um olho em ópera
E outro em riste
E nunca a piada chamou a tantos
Como a brutalidade de montes de terra podre.
Eu era o corredor que sobeja
Nos montes brancos de terra sem proveito
A hora passou em olhos tristes
E em si operou a nota aérea
Que soltou a gota de um amor tão bruto
Que a guitarra preta morreu numa dança de espera.