Papéis em punhos

Quando um dia meus pés livres e soltos

Passarem as pontes que só eles sentem

Bastará um momento de poesia

Daqueles quando a alma lança no papel

Resíduos ou ruínas que sufocam ou aliviam.

E do coração sem pulso

Eu em soluço contemplarei

Um profundo esquecimento e me perdoarei.

Pois não há movimentos

Mas, angústia esfacelando

Os últimos restos das portas abstratas.

Minha íntima sensibilidade cai diante

Do adoecer de meus personagens

Presos no silêncio que os rodeiam

Tento outra pena, outra cena

Mas as figuras irreais tão visíveis

Fazem visitas inesperadas

os papéis em punhos

Se dispersam e assim a poesia acaba em silêncio

Antes que eu me esqueça e o tempo

Vire as páginas da minha história

Preciso saber por que a noite constelada

Não atravessa o mais curto dos silêncios,

Pois na dança do abandono às alegrias morrem

Ficam flores ressequidas.

O sol sobre os ombros

Fragmenta os passos

E a história perde em algum lugar

Espalhada em intervalos desconexos

E ninguém assistiu

A despedida do poeta

Que só não se coube

nem jamais existiu

Jane 11/09/07

SP...