POETA DO ARMAGEDÃO

Eu hei-de encher os olhos

Das crianças com dor e morte

E continuar a vossa obra

Eu hei-de amar os velhos

E dar-lhes tempo e sorte

De sofrer com todos os males

Eu hei-de casar amantes

E tirar-lhes o dinheiro

Até exaurir a bem-querença

Eu hei-de criar mulheres

E manchá-las de prazer

Satisfeitas de tanto poder

Eu hei-de espremer os homens

Até ao suco da essência

Com certeza de agradar

Eu hei-de ser Deus bíblico

No dia que caírem as vírgulas

Sentar-me com Satã à mesa

E redividir o mundo

Eu hei-de ser poeta

Como todos o quiseram

Guardião das inconsciências

Pelas noites de todo o sempre