Num momento sublime
As mãos não insinuam
Os olhos rentes ao chão
Procuram formigas de prontidão.

O cactus conversa com a bromélia.
Há uma primavera intrínseca.
As flores da estamparia
abortam a naturalidade.
Os filhos traem seus ancestrais

Novos rituais inauguram novos valores
A seta não aponta mais para o óbvio
A aberração da esquina se aclimatou
Tsunâmis 
Furacão
Tufão
Passam e arrastam tudo pela frente

Pensamento grudam em sentimentos
Lamúrias grudam nos muros
Bilhetes assentam afetos
Em frases enfileiradas

Há afetos perdidos
Disperdiçados
Ameaçados.

Somos animais amáveis
mas nem tão amantes.

Cobiçamos a única célula 
da ameba
Sua falta de enxaquecas.
Seu rigor existencial.

Sua possibilidade patogênica.
Dores.
Cores.
Dissabores.

Estar doente
é estar noutra dimensão.
É existir sem viver.




 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/02/2019
Código do texto: T6576832
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