SENSAÇÕES

Estou em um quarto escuro

Não há quadros na parede

Estou deitado em decúbito dorsal

Tenho as mãos cruzadas no peito

O silencio é o único intruso

A andar cuidadosamente sem tocar em nada

Não o sinto, mas sei que ele está ali

Sou uma fotografia em preto e branco

Jogada numa gaveta que ninguém vai abrir

Não penso em nada, meu cérebro parou

Meus pensamentos são folhas desprendidas

Que rolam longe da árvore mãe

Tenho a mente e o corpo anestesiados

Estou num quarto esquecido pelo mundo

Estaria eu morto? Ou durmo?

Que diferença faz, se não me sinto?

Se também não sinto o mundo

É como se a vida fizesse uma pausa longa

E o tempo tivesse saido fora, provavelmente,

Para passar em outro lugar

Há uma leveza nunca sentida

Há sinais claros de imaterialidade em mim

Será que estes são instantes da eternidade?

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 02/06/2019
Reeditado em 02/06/2019
Código do texto: T6662963
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