O xamã das esquinas

Escrito em 23-26/7/2019

Ande mais um pouco até virar o contorno

E continue subindo a calçada

Siga em frente para ver os adornos

Do homem de contos de fadas

Lá está ele, sentado sozinho

No mundo que é só dele

No mundo que está só nele

Ele segue seu próprio caminho

Nas suas cores de passarinho

Sentado com seu olhar penetrante

Que vagueia a imensidão do tudo

Você o vê mas está tão distante

Que não se sabe se ele é mudo

Voando tão alto

De repente se mexe

Mas não se avexe

Ele tem jóias e cobalto

E mora colado no asfalto

O bardo que abre portais pelas ruas

Está silencioso em sua meditação

Não sabe se suas mãos são suas

Nem de quem é a respiração

Sempre anda com poções

Com alhos e bugalhos

Botões de espantalhos

Enxerga aberrações

Em visões e orações

Diferente de Sidarta Gautama

Mas permanece aspirando

Com essa essência que emana

Seus olhos siderais estão filosofando

Ele se perdeu?

Ou ele se achou?

No que ele tocou?

Ele anda no breu

Sempre toca o céu

Então ele desaparece pelas ruas mais uma vez

Pelos caminhos que só conhece

Não pelo que disse mas pelo que fez

Quando ele quer ele aparece

Sua cósmica energia

Tão transcendental

Sua forma animal

Sua vida vadia

Dita por quem não entendia