Perfect Blue – Engajados.
Perfect Blue – Engajados.
- Vamos ver outro filme? – Propõe Alessandra.
- Acho melhor a gente dormir, já são quase duas da manhã... – Reclama ele, porém ela insiste mais e ele apenas cede:
- Deixa eu pelo menos lavar o rosto senão vou acabar dormindo.
Gustavo saiu da cama e foi até a cozinha beber água, procurou nos armários alguma bebida quente que não fosse café e por sorte encontrou pote com cappuccino. Enquanto a bebida esquentava no micro-ondas ele foi até o banheiro e ouviu do quarto de Alessandra:
“Faz pra mim também por favor”.
Depois de uns cinco minutos ele voltou com dois copos na mão e cuidadosamente passou até o outro lado da cama. O filme já havia começado então era só ficar quietinho e aproveitar o momento sem nenhuma outra distração, porém os olhos dele começaram a pesar e pouco tempo ele já havia dormido. Quando Alessandra notou, ficou desanimada de terminar “Simplesmente Acontece” sozinha (felizmente isso aconteceu) e então desligou a televisão e resolveu dormir também (ela guardou os copos)
Arrumando o cobertor sobre si ela acabou acordando Gustavo, e este por sua vez só olhou para trás e voltou a dormir. Os dois estavam deitados com o mesmo edredom, porém de costas um para o outro e em um determinado momento Alessandra se virou em direção a ele e o abraçou devagar para não o assustar.
Ele apenas sentiu uma mão fria ao redor de sua barriga e o antebraço dela contornando seu quadril e então perguntou ainda com a voz sonolenta e abafada:
- Por que está me abraçando? - Ela volta um pouco com o braço e responde – Estou sentindo muito frio então deixa eu te abraçar um pouco.
- Mas seu braço está gelado, veste pelo menos uma blusa de frio que melhora.
- Estou com muita preguiça de levantar agora e fora do cobertor está muito frio... Por favor deixa eu te abraçar é só um pouco. – Ela responde manhosa
- Não tem problema, só vai devagar por que você está uma pedra de gelo hoje...
Alessandra vagorosamente cruza a sua perna esquerda entre as dele e vai se aproximando com o tronco de forma que Gustavo sentiu todo o formato de seu corpo contornando se em suas costas. No início ele parecia bem rígido, mas aos poucos foi aceitando o toque dela até que relaxou por completo seu próprio corpo e ficou confortável.
“Eu seria idiota se recusasse esse abraço” pensou ele, e realmente estava mais do que certo.
O abraço de Alessandra era muito acolhedor e aconchegante e ficou ainda mais íntimo quando a respiração dos dois sincronizou e junto com ela a temperatura corporal.
Em um momento ele sentiu que a virilha dela estava muito próxima de seu bumbum então ele comentou:
- Cuidado por favor com meu ganha pão, você está quase me enrrabando.
Ela ficou chocada com o absurdo da última frase e só de resposta encostou ainda mais nele com um pouco mais de velocidade e ele mal pôde reagir.
- Olha as coisas que você fala do nada Gustavo, você me deixa até constrangida. – Reclamou ela e ele por sua vez ficou em silêncio.
Mesmo com o momento de quebra gelo dos dois, a situação em si não deixava de ser romântica. Para falar a verdade Gustavo ainda estava totalmente sem jeito com a situação, depois de sumir toda a culpa ele conseguia enfim aproveitar a presença dela 100 por cento.
Era algo tão bom e mágico, não era só um abraço entre o corpo, mas sim entre a alma. Gustavo talvez não tenha percebido. Mas Alessandra ficava totalmente diferente perto dele, era algo de uma forma tão positivamente profunda pra ela que até o sono dela melhorou quando ficou perto dele. Antes ela não conseguia dormir sozinha, mas perto dele esses problemas desapareciam gradativamente fora o fato dela demonstrar se sentir muito confortável e protegida perto de Gustavo.
- Já parou para pensar que a gente realmente parece um casal? – Comenta ela baixinho enquanto ainda o abraçava. Isso corta totalmente o clima e Gustavo agora realmente quer tentar se livrar do abraço dela pois estava sem graça. Porém Alessandra começa a apertar ainda mais ele para não se soltar:
- Você está me deixando sem graça, por que está falando esse tipo de coisa agora? – Questiona ele tentando se livrar do braço esquerdo dela.
- Só estou brincando, fiz isso pra te deixar desconcertado. Você ainda tem vergonha de falar de relacionamento? Você não disse que gostava de mim?
- Será que a gente pode falar disso amanhã? – Ele tenta mudar de assunto enquanto desiste de tentar se livrar (Alessandra era bem forte).
- Ok, então eu vou te perguntar isso uma única vez, ou seja, é a sua única chance na vida de dizer sim... Você Gustavo Fernandes se aceita casar comigo? - Propõe ela insistindo na conversa. Gustavo sem pensar muito diz:
- Eu quem tenho que fazer a proposta, não aceito que a mulher roube esse papel.
- Então quando você vai fazer? Se você não fizer agora eu nunca vou querer me casar com você... – Insiste ela.
- Eu não sei, por que você acha que se casar comigo é uma boa escolha? Você já conhece meus defeitos e qualidades, vale mesmo a pena?
- Eu te amo.
Depois dessa frase Gustavo vira de frente para ela totalmente sério, como se essas três palavras houvessem tirado totalmente o sono dele.
- É sério?
- Sim... – Diz ela olhando nos olhos dele.
- Eu te amo mais... – Responde ele acariciando o cabelo dela.
Na manhã seguinte Gustavo havia combinado de dar a resposta para o casamento.
“Óbvio que sim” diz ele.
- Mas nós somos o casal mais estranho de todos, até hoje nunca demos um beijo sequer. – Comenta ele enquanto ainda estavam deitados na cama.
- É verdade, e ainda tem a questão do sexo. Você tem vontade de me beijar?
- O que você disse?
- Beijar.
- Não, antes.
- Sexo?
- Isso mesmo.
- Ótimo então está combinado. – Responde ela.