A lenda do homem podre

Com laminas afiadas

Você me fere

Meu sangue maldito cai em seus pés,

E assim vou para o inferno.

Mas eu tenho as chaves,

E mais uma vez

Minha carcaça sairá da sepultura,

Com carne caindo dos ossos...

Ali nas sombras eu estou olhando,

Meu fedor de carne podre

Ira atrapalhar sua sagrada janta,

Pois ali nas sombras eu estou...

Caminhando sem as solas dos pés estou,

Tudo para ver melhor

Seu tolo religioso,

Vou ti mostrar quem sou.

Pedaços da língua me faltam,

Pois o grande homem religioso me tirou,

Minha vontade de ti dizer juras de maldição,

Se misturam com saliva e sangue.

Um pouco aqui e ali,

Assim caminha um homem podre,

Os corvos observam de longe,

Os lobos estão em dúvida...

Irei tocar com meu dedo podre,

Em tudo que ti pertence

Nada sobrara para você,

Pois sou o homem podre...

Monstro que você criou,

Para me punir, como se você fosse um juiz,

Vou atrás de sua família,

Darei histórias para sua criação...

Meus braços são muitos longos,

Sem carne e longos,

Posso abraçar sua filha,

Que tanto quer ver um demônio...

Ou posso puxar a coberta de seu filho,

Para mostrar que estou olhando

Sem piscar,

Ou levo sua esposa comigo,

Pois ela já queria ir embora...

Sua casa vou derrubar,

Como na história dos porquinhos,

Mas quando eu derrubar a porta,

Seu sangue irá cair...

Sua filha me quer,

Eu sussurrei no ouvido dela,

E ela está arrepiada,

Ela quer vir comigo...

Seu tolo,

Me enterrou tantas vezes,

Se tivesse me deixado ir naquela maldita noite,

Hoje eu estaria longe...

Vamos lá corajoso homem de família,

Atravesse o pântano onde me enterrou,

Sem nenhuma dignidade,

Venha me ver, se tiver coragem...

Aqui você perde suas lindas botas

Atoladas na maldita lama,

E mais ao fundo sem luz

Eu estou...

Lama e água

Fedo de carne podre

Minha carne,

Assim conta a lenda...

Sinto os estalos de meus ossos

A carne podre e molhada que junta moscas,

Eu tinha um manto

Mas a lama engoliu...

Em meio as raízes das arvores,

Eu estou olhando com olhos vingativos,

Sem piscar e sem piedade,

Os poucos dentes rangem...

Ele veio como um tolo,

Criou me e agora quer me matar de novo,

Vou lhe mostrar o inferno,

Vou olhar nos fundos de seus olhos apavorados...

Sou sua lenda

Com minha carne podre,

Ossos que estalam,

Sou a mentira dele...

Afogado em águas podres eu fui,

Meus olhos sem piscar,

Olharam bem aquele rosto de covarde

Meu último suspiro foi em um lugar fétido...

Assim morri,

E logo tive que voltar,

Para arrasta-lo comigo,

Para a grande lenda...

Meus olhos sem piscar,

Observam seu desespero,

Meus braços longos e quebrados,

O abraçam bem forte...

Aqui está minha carne podre

Como disse na lenda,

E aqui está meu rosto,

Deformado, com a expressão de ódio...

Sou sua lenda,

E quero você aqui comigo,

Homem tolo...

Cristiano Siqueira 20/03/20

cristiano siqueira
Enviado por cristiano siqueira em 20/03/2020
Reeditado em 20/03/2020
Código do texto: T6892835
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