Que loucura (reedição)
Olhei em frente,
Enxerguei rostos diferentes.
Olhei para os lados,
Quantas pessoas estranhas,
Detrás de mim,
Quantas pessoas esquisitas,
Embaixo e encima,
Tantas pessoas e eu não as conhecia!
Senti meu corpo começar a mudar,
As pernas já não eram mais pernas,
Estavam misturadas com o abdômen.
Os braços já não eram mais braços,
Perderam a forma misturados com o tórax,
A cabeça já não era mais cabeça,
Porque não tinha rosto e nem pescoço.
De repente,
Já não tinha mais forma,
Transformara-me em uma massa inerte.
Os sentidos não funcionavam mais,
Só a mente ainda respirava,
Nesse momento era só pensamento.
Agonia e muita dor causada pela falta de uma forma,
Então, em um último desespero, ansiando pela vida,
Consegui arrastar toda aquela massa inerte,
E mergulhei dentro de mim.
Nadei pelas minhas veias,
Até atingir o coração,
Fui expelido e expulso pelas artérias.
Não acreditei naquela bizarrice,
E desesperado, peguei minhas mãos,
Levei-as aos olhos,
Os esfreguei e as janelas se abriram,
Só nesse momento,
Percebi que o tempo todo,
Estava em frente a um espelho.
(Resolvi reeditar essa poesia porque acredito que representa bem o momento atual).