Peço perdão

Pelos “ais” e gemidos que fingi

Pelas formigas que pisei e não vi

Para os galhos que quebrei para seguir

Pelas pedras que catei e levo comigo

Pelos braços teus que fiz meu abrigo

Por não estar dividindo mais contigo

Perdão...

Por tantas palavras coletadas e gravadas

Pelas noites mal dormidas e engavetadas

Pelas minhas portas agora trancadas

Por não entender teu jeito displicente

Pela impaciência por carinhos diligentes

Por esse andar tão distante entre a gente

Perdão...

Mas vou seguir sozinha por enquanto

Pelo caminho que tracei e nem sei tanto

Enxugando com o sol meu exposto pranto

Por opção te deixo ir e sinto tanto

Por tanto carinho que um dia me foi manto

Perdão...

Mas não posso ficar mais a sentir

O que está crescendo e o porvir

Vai com certeza dilacerar nosso ser

Preciso me afastar enquanto posso

Desconstruir o que teima em erguer

Siga teu caminho e deixe o destino

O mesmo que te trouxe até aqui

Te embarcar nos sonhos teus

Siga em outro barco meu amigo

Pois os teus sonhos não são os meus

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 21/04/2020
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