Lentes de contato
Não conheço Ouro Preto,
nem Brumadinho
Certa vez Mariana
sussurrou no meu ouvido
não sei se era uma prece
ou profecia
Feche as páginas e adormeça
numa nuvem de algodão doce
Atravesse o Atlântico
numa caixa de fósforos
As lentes do deserto
refletem, entram em contato
com a imensidão
do morto olhar da existência,
e anunciam a hora da colheita
Sob a luz de poucas velas
uma onda boa chega inteira
A barca torce a rotação do sonho
em plena meia noite de vinhos e carícias