A espera de Adélia...
Ontem, enquanto eu sonhava
Somente o cabelo chovia
O sol pelo céu caminhava
Enquanto eu nem percebia
Seu vestido vermelho sem pressa
E na boca um contorno carmim
Eu corria atrás da conversa
Numa estrada que não tinha fim
Era meu todo o olhar de espanto
E a luz que banhava os seus pés
Clariando meus passos enquanto
Você vinha, era vinte pras dez...
já não tinha garrafas, garranchos
Candelabros, salivas e selos
Se arrastaram acenos e apelos
No horizonte, deixados no mar...
Era tanto o meu tanto de água
E tão pouco o meu tempo de estar
Que o tempo me deu uma trégua
E uma vela e valeu navegar...