Querido Adevindo

Fazia tempo que não te declarava nada,

e no entanto já faz tempo que tu me escreves longas cartas.

As cartas tais, com letras cheias de olhares,

expressões cheias de adjetivos,

abraços com tantos verbos

e metáforas cheias de amor..

Era uma onomatopéia de confusões que nos fazia cair de rir

a beira da cama, do sofá e da mesa de jantar.

Em meio a muita ambigüidade gramatical nos deixamos levar,

chegamos ao clímax pelas anáforas de: eu te amo, eu te amo para sempre, eu te amo até não poder mais, eu te amarei até a morte me levar, até nos levar, até morrermos de tanto nos amar, até esquecer de vida por amar, até amar além da vida..

Não quero nenhuma aliteração, quero verdade em nossas vozes veladas, verões e violões, velocidade, vaidade, volúpia de volemia..

Quero bohemia, esquecer todo amor romantico,

quero deixar as hipérboles de lado!

Não meu caro amigo, não sofro de mal algum

não me encontro carente e nem mais descrente,

estou numa fase do neo-paradoxo velho,

de alguma antítese, onde todos amam, todos odeiam.

Sou fruto da nova geração.