Saudades da placenta ou...

...meu primeiro lar ou, ainda,

monólogo de mãe ou, ainda mais,

uma imensa bola de neve

- Perdoe minha indiferença, meu bebê,

Mas quando olhares nos meus olhos

Você não a reconhecerá...

- Certamente não compreenderás uma palavra

Do que eu te disser (agora ou jamais),

E nem terás como pedir por um significado sequer...

- Tudo se transformará numa imensa bola de neve,

E tua mente já confusa,

Difusa em pensamentos que não existem,

Estará deixando para trás

A imaginação do mundo,

A (contra) concepção sua e dos outros,

A noção de apenas ser

Um feto desatento que, ao nascer,

Esqueceu seu coração lá dentro.

Dez de AbriL de MiL Novecentos e Setenta e Oito.