Sepulcro

Eu sou um poema sangrento e sadio.

Eu sou um poema de pomo perfeito

Sou Vulgo veneno sugado do peito

De um deus não distante que vive no cio

Eu sou a sereia na areia do rio

A cárie que rói seu passado e presente

Do tal Paraíso eu sou a serpente

De outra serpente do mal advindo.

Sou sombra secreta de plúmbeo poliéster

Sou filho do filho do pai do seu filho

Sou aquela sombra do Fausto de Goeth

O ponto final da estrofe e estribilho.

O jacto de sêmen em láctea galáxia

De um Hércules que beira o corcunda Quasímodo

Na rima de Roma eu sou a cloaca

De um povo "de bem" tão profano e fingido.

Eu sou a esfera que gira e que gera

A fera que fica em repouso velado

Na noite do tempo eu sou o passado

Sou fogo gelado do fundo da Terra

Eu sou a miséria que leva e que erra

A todo instante eu domo e domino

Sou deusa dos homens e deusa da guerra

Sou anjo do mal sacrossanto e divino.

Transforme em pedra o pão que eu te dei

Se proste aos meus pés que te vendo universos

Derrubem as torres dos versos dispersos

Ditados nos dias do único Rei.

Não seja adiposo nem suje a esponja

Que limpa a face sedenta de mim

Eu sou o princípio, o meio e o fim

Eu porto a luz que ilumina. Sou lisonja.

Eu sou o mistério das coisas dos mundos

Das coisas da vida eu sou o saber

Ninguém nesta vida merece morrer

Distante dos planos que tenho, profundos...

Por isso não tente saber quem eu sou

Sou tudo que passa e de tudo sou dono.

Cuidado comigo que roubo o seu trono

No piscar do olho cinzento da garça.

O sétimo elo, a sétima besta

O primo furor de um dia aziago

Implore ao seu Deus que eu nunca apareça...

Prazer, pra você, eu meu chamo... Diabo!

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 23/12/2020
Código do texto: T7142468
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