A IMPORTANTE COISA SEM IMPORTÂNCIA ALGUMA

Hoje!

Os hipopótamos levantaram primeiro

E lá se foram os meus travesseiros

Direto para a lagoa

Perto da minha cama de feno

Amontoados sobre a grama seca

E todos os hipopótamos

Tinham olhos azuis

Eles submergiam dentre as folhas

Pois o rio seco era banhado

Por uma luz brilhante

De uma lâmpada fria

Que queimava a pele fina e branca

Com listras pretas dos hipopótamos

Tal como as zebras

Mas acabei de me dar conta

Que eram zebras mesmo

E que nunca foram hipopótamos

Na verdade seus olhos

Eram azuis esverdeados

E eu estava apavorado

Como poderia confundir

Durante tantos anos

Zebras com hipopótamos

Resolvi plantar toda minha angústia

Num canteiro sobre a laje

Do edifício ladrilhado

Com pastilhas amarelo ouro

E num piscar de olhos

Um jardim de crisântemos

Floresceram no tapete da sala

Que beirava a cozinha

Onde eu tomava café da manhã

Rodeado de borboletas brancas

E um bode de chifres abobadados

Aguardando para comer as migalhas

Do mingau de aveia que esfriava

Sobre a copa da árvore sem folhas

Pois que era verão

E o frio fazia as araras nadarem

No céu molhado pelo mar

Que jogava para cima

Suas águas transparentes

De vez verde

De vez azul

De vez somente água

Respingando em mim

Enquanto em pensamento

Indagava sobre meu absurdo

De confundir zebras com hipopótamos.

Rowasouza
Enviado por Rowasouza em 07/02/2021
Código do texto: T7178720
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