Hora do almoço

Disse o outro que os poetas devem deixar de serem brochas para serem bruxos

Como a bela garota que de mariposa virou casulo

Enquanto um besouro passeia entre as folhas e flores de um manacá no quintal, Joana frita um bife pensando se exagerou na pimenta ou no sal.

A agulha da vitrola pula o risco no disco de blues que volta alguns instantes no tempo. A triste harmonia torna seu lamento atonal

Que volta a ser jazz

cuja voz jaz sem jazigo

O besouro pousa num galho, o bife já está no prato

À frente, o perigo

Da morte, da vida, da tarde, dos fatos

O sol a pino fustiga o asfalto e seus transeuntes em seus falhos atos

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 06/05/2021
Código do texto: T7249365
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