Frankstein
Escrever é sentir.
De nada adianta digitar, digitar,
Sem nada sentir.
Será apenas um amontoado de letras
Sem significação.
Sem sentido.
Tudo tem que ter sentido.
Será?
Pra quê?
Significante e significado.
Isso já está virando aula
E o negócio é sentir,
Não se exibir.
Não ensinar.
Apenas escrever.
Transformar sentimentos em palavras.
Fazer mágica com os dedos.
Brincar com as letras,
Sonhar de ser criador.
Ser de fato criador.
Uma espécie de Deus
Que nem sempre descansa no sétimo dia.
Talvez no oitavo, no nono ou no décimo.
Deus que não é Deus pode até escolher o dia
Para nada fazer.
Ah, como é bom
Ter um livro pra ler e não o fazer, pode ser?
Um poeta já dizia isto.
Será que ele era Deus?
O deus da poesia.
Pura loucura.
Elucubrações advindas lá no âmago do meu ser.
Meus excrementos,
Meus sentimentos,
Meu sangue,
Minha alma,
Tudo que tenho em mim.
O que escrevo é o que sou.
Se me perguntas, nem eu sei o que sou.
Esse monstro à la Frankstein metido a besta,
Todo remendado, costurado,
Feito de partes coladas.
Pura poesia.
Que heresia!