Encontro com Lobisomem

Dizem que lobisomem

É meio bicho e meio homem

Que nas noites de lua cheia

A tudo que encontra consome.

É folclore no Brasil

Mas alguém fala existir

É monstro feio cabeludo

Ao falar dele todos param de rir.

O lobisomem rasga os cachorros

Por onde passa deixa o rastro

É sanguinário é bestial

Maltrata os animais no pasto.

Encontrei com um lobisomem

Quando ia namorar

A noiva morava no sítio

Nem gosto disso lembrar.

Ele olhou para mim

Com aqueles olhos terríveis

Olhos grandes e rasgados

Janelas pro invisível.

Enfrentei o lobisomem

Ora parecia bicho, ora parecia homem

Com urros terríveis

O medo quase me consome.

Quase vim a desmaiar

Quando veio me pegar

Parecia do além

Situação difícil para alguém.

Criei força e coragem

Ferveu nas veias o sangue nordestino

Aquilo para mim era visagem

Morrer ali seria meu destino?

Nada disso, chamei por Deus e Jesus

O bicho me perseguia

Era violento e terrível à vista

Momentos que para ninguém eu queria.

O monstro quase me abraçou

Abraço terrível sem amor

Minha blusa com as unhas tirou

Quase minha pele devorou.

Acertei-o com um murro

Era duro como pedra

Quase quebrei a mão

Ao bater naquela fera.

Ao procurar sacar a arma

O bicho não me dava chance

Pulava pra cima de mim

Estava mais feio que antes.

Consegui ferir o bicho

Que soltou um alto grito

Na mata ele entrou, não sei o que ele era

E nunca mais voltou...

Poema do livro: "Nós Somos Poesia"CBJE, 2005, RJ.