Crivou-me de perguntas.
E, eu... silenciava.
Meus olhos confessavam
uma culpa imensa.

Queria falar 
Mas, as palavras se negavam à fonética.
O corpo em pantomima.
Nada expressava.
A alma malabarista
Se dependurava na finitude do tempo.

Novamente, perguntas irrespondidas.
Reticências perdidas na lama
Onde atolava a lógica.

Olhei para o céu,
como se rogasse perdão.
Entre nuvens escondi uma prece
Que tentava recitar
no inconsciente.

Quando enfim, silenciaste.
Meus olhos miravam sua face
Como se fosse a última coisa
que fosse ver na vida.

Como se estivessem a beira do abismo.
Sem medo de saltar.
Sem salvamento ou
sinistro.

A salvação pode estar no silêncio.
Ínsita.
Misteriosa.
Longe dos fonemas.
Longe das palavras,
dos gestos ou semântica.

A salvação está na metafísica
Em acreditar no transcendental.
Além da visão, da lógica ou
da verdade.

Suas perguntas envoltas em retórica.
Respondiam-se a si mesmas.
Como se endossassem a dúvida
com a certeza moribunda
de apenas perecer.


 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 11/08/2021
Código do texto: T7318700
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