Pétalas de Inês

Como são as coisas

quando olhas e não vês

entre lírios e arbustos

que os cravos são justos

ao julgarem as pétalas de Inês

no jardim em que repousas.

Doravante, só os brócolis

e outras verduras

apaziguarão tua fome

e todo animal que comes

rirá das tuas caricaturas

tão vazias de isótopos.

Olvidas ver no âmago

inefável volúpia insondável,

meretrizes de aluguel;

mais tarde, sob o céu

o segredo do imponderável

revelar-se-á âmbar.

No tocante a mim

sou só espírito errante,

um desencarnado, um sem corpo;

mais vivo do que morto

olhando tudo e todos do mirante

posto numa torre de marfim.

Guerra, paz, contendas mil

por incontáveis eras

e tempos indeterminados;

exterminamos e fomos exterminados

por projéteis de quimeras

disparados por algum fuzil.

Sobraram corpos e feridos,

armaduras e armas

que o santo inventou.

E, em nome do amor

produzimos novos carmas

abatendo e sendo abatidos.

César Eik
Enviado por César Eik em 22/01/2022
Código do texto: T7434839
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.