Trem do Além
até chegar na última estação
é a pele que veste a passagem
carregada de saudade na bagagem.
a graça é uma graxa
que desliza entre trilhos e vagões
percorrendo engrenagens
do carimbado coração.
Ponho a cabeça para fora da janela
as paisagens são tricotadas
por visagens fotovoltaicas
que se comunicam:
com as caretas das plantas,
com as raízes do meu rosto.
me pego numa canção
a opaca escuridão do túnel
cochicha Promessas do Sol.
mergulho distraído,
contornando o subconsciente das montanhas
viajando numa fumaça de pensamentos
caminho pela inspiração
atravesso as pontes de Milton Geraes
É que ando deixando de pescar,
palavras, versos no ar.