A queda em montanhas distantes

Sutil é o esquecimento impregnado nas brumas do tempo

E nas últimas gerações é como se nada daquilo houvesse existido

Nomes de origem abandonados em glória silenciosa

Castelos erguidos e desaparecidos em poeira vazia

Nostálgico é o ar estagnado nos pântanos ocultos ao luar

Quem pisa naquela lama não sabe que pisa em reis derrotados

Juncos solitários jazem manchados com cantos de donzelas desaparecidas

Cascatas caem com lágrimas de antigos corações quebrados

Árvores como garras distorcidas guardam tristonhas

Estradas que levam a lugar nenhum

Pedras negras marcam desavisadas

Túmulos de mendigos cegos mortos em inanição

A beleza esquecida e o prazer deturpado

Encerrados em muralhas regadas a sangue de inocentes

Atos heróicos e hinos de louvor

Perdidos como fumaça no irrefreável fogo da corrupção

Coroas partidas e tronos tombados

Novos sábios engrandecem comendo a carne de seus irmãos

Joelhos beijam a terra e cabeças rolam pelo chão

Alento como ferro em brasa fazendo enlouquecer

E agonizantes nos caminhos dos homens

Se vão para sempre os últimos suspiros dos deuses

Abandonados em altares sob pedras demolidas

E em túmulos preenchidos de corações tornados em pó

Fernando Domith
Enviado por Fernando Domith em 20/06/2022
Código do texto: T7542080
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