Em pedaços

Fragmentado

Como elos perdidos,

Estilhaçados por um machado

Despedaçados, partidos

Como eu, vítima das espumas

Sem volta, e emparelhado

Com ele, o velho e bom medo

Trazido pelas águas, pelas brumas

Escavei as areias de todos os desertos

Porque pensei, ali poderia achar os meus elos

Deixei até de temer as víboras e escorpiões

Abandonada aos cactos, às solidões

Fui caçada pelos bosques de onde veio o inverno

Para saciar as tripas dos leões em fome

E percorri à pé as cidades dos povos do inferno

Porque talvez, algum passante encontrou meu nome

Dos meus elos, só sei que são perdidos

E uma vez que encontrar os estilhaços

Uma vez que voltar a formar a corrente em pedaços

Verei no espelho, meus olhos roxos e inchados

E então me lavarei, me vestirei de branco

Sacarei de minha espada, e de cabelos soltos,

Irei sem mais, sem espera

Para enfrentar a ti, o lado escuro da terra.

Flávia Jobstraibizer
Enviado por Flávia Jobstraibizer em 23/11/2005
Código do texto: T75485