A noite das Helenas.
Noite serena, amena, quase morena.
Noite pequena, murmúrios de novena.
Noite plena, na qual se encena,
A duras penas, as noites da clássica Atenas.
Noite em que o êxtase em ti mesma se drena,
E, assim, à excitação te condenas,
Mas tudo, ou quase tudo, vale a pena…
Enquanto, com o tudo, a ti não envenena,
Ou não te obstrui a vazão da safena...
Noite, que bem diversifica as suas cenas:
Sufocas o sarcástico riso das hienas,
Calas o grito estridente das sirenas,
Livras o corpo das fétidas gangrenas…
Uma noite apenas, em meio a centenas…
Sofejas as Valsas de Viena…
És a noite das Helenas,
Em performances terrenas,
Suficientemente obscenas.
Ali, onde em frenesi, fazem das camas arenas…
No lençol… os indícios de maisenas,
Onde grudam, tais quais precipitantes penas,
As lindas e negras e esvoaçantes melenas…