SUBJAÇÃO DO VERBO (Tony Antunes)
Verboriando vísceras nos versos
[de grafite,
catando tempo e teses de marfim,
certo da agonia estapafúrdia
no luto das almas desencardidas,
solapos de solidão gritam.
As veias de acrílico crocam-se,
chocam-se no esticamento
[das artérias,
anulam os sentimentos coesos,
desoxidam o DNA das células,
latem ao efeito da lua nova.
Grunhidos sádicos em dores
[de chibatas
alaram o lodo das entranhas,
enlamam os lamentos lacrimais,
secam os espíritos encarnados.
Com festins ao lepto de neon,
as madrugadas enuvam-se
[de neblinas,
emudam-se aos gritos,
estancam-se aos choros
em Ave Marias pelas brechas
[das vielas
na subjação do verbo.
RESPEITEM-SE OS DIREITOS AUTORAIS: LEI Nº 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998