A Tal Sugestão Sui Generis

Tais detalhes que habitam a dança

Lâminas de gesso, contração de mistérios

Como se escrevesse com os dentes

Em recipientes oriundos de um barro deteriorado

O que transforma a observação em gran angular?

A maneira com que o voyeurismo vira cinismo?

A vontade com que o voyeurismo vira cinema?

A intensificação voyeurista à novas vigílias?

Todo cotidiano é domesticado

Alcançando sonhos, alcançando o impacto

Desvirtua-se a prepotência inconstante

Quebrando rosas ainda no caule

Rosários são milênios materializados

O pensamento é simultaneamente andrógeno

E impulsiona um Tânatos por segundo

Todas as coisas fúteis estão sob suas permutas

Quartos vazios reivindicados por moscas

E quem mais quiser invadir-me o corpo

Casa que Borges nenhum enfrenta

Há um surrealismo em toda essa provação

Outra vez, um vaso quebrado rouba minha atenção

Ao ver a terra, os olhos iluminam-se e a narina a encontra

Como se fosse preciso reconhecer seu perfume

Para ter a certeza que ainda há vida nesse aquário sintético

Desfeitas são métodos às saídas

E tudo que gira é uma boca circuncisada

Capaz apenas de comover-se em receitas

Temendo a própria voz, um réquiem minguado

Recaídas cenográficas saltadas da garganta

Um termo nostálgico carrega a calma ao ambiente

Fluí um velório de memórias enclausuradas

A cada gesto com pompa orientado ao interlocutor...