REMANDO PELO MEIO

Um rio corre entre as montanhas;

Gelo e fogo separados;

No barco, um viajante remava;

Entre as entidades que se odiavam.

Na terra do fogo, vivia Vontade;

A montanha entidade;

Que inflamava de coragem;

E no impulso explodia, tornando-se vulcão.

Na terra de gelo, a montanha era desejo;

Onde o frio é constante;

Os bosques ao redor são congelantes;

E sua ira criava avalanches.

O andarilho, em seu barco, sentia frio e calor;

De um lado, vontade o esquentava até arder;

Do outro, desejo esfriava até tremer;

Mas em meio à dualidade, encontrou a solução.

Pensou ele: "vou pelo meio do riacho";

Mas precisava concentração;

Se perdesse o foco;

Congelado ou queimado, morreria na embarcação.

Mas pelo certo ele escolheu;

Lembrou do Buda e não morreu;

Saiu do vale das entidades;

Remando pelo caminho do meio.