Um duzia de rosas vermelhas querida!

Numa lápide do cemitério,

Deixaram envoltas em fitas,

Uma duzia de rosas vermelhas.

A foto era amarela e antiga,

Inscrição apagada,descolorida.

Provavelmente uma namorada,

Um amor que se foi...

Eu nunca ganhei rosas vermelhas.

Como invejei aquela morta,

Que mesmo estando deteriorando,

Se fazia desejada, amada, lembrada

E eu aqui mofando...em vida!

Uma alma fúnebre que respira

E nunca ganhou rosas...

Peguei as fitas e joguei,

Uma a uma, no túmulo ao lado.

Cada botão de rosa que eu tocava,

Morria, murchava, condenado

A ser um morto-vivo despeitado,

Como meu coração ali se mostrava,

Um mero órgão desapaixonado...

E a foto da inscrição apagada,

Verteu duas lágrimas caladas,

Longe da percepeção humanamente sentida.

Chorou por ter em morte gesto tão pleno de vida:

__Uma duzia de rosas vermelhas querida!

E nem percebeu que haviam lhe roubado,

Nem as flores, nem as fitas...

Disso aprendi que o que vale

Não são as rosas que por ventura receba,

Mas o amor que por certo distribua,

Que faça, mesmo em morte, ser lembrada,

Mesmo depois de deteriorada,

Continuar a ser desejada e querida.

Isso é só para os que foram plenos em vida!