Amanhã
tilà
Existe um lugar desconhecido e esse espera por nós
Não importa ir a pé ou de furacão leva um dia pra chegar.
Nessa viagem misteriosa a nave é um moedor de carne
Seus motores são três lâminas, em cada ciclo um talho.
O magro é piloto de prova, sua ferida pequena.
Um poste na cara do cego
O esbelto na lida é açougueiro das vísceras acém
Um pingo d’água no acorrentado
O forte desorienta os sentidos, banaliza a fé
Transforma o mundo em bola-de-gude
Não é preciso passaporte nem carimbo no visto
Pode se chegar dormindo e acordar na renda
Esse mundo mora na mão da velha que tricota
Em cada ponto uma cicatriz na epiderme