[Ato II] Cinza e Sangue
O negro véu já havia se estendido sobre o céu.
E no aposento havia um ser estrangeiro
Que cravara seu canino na jugular.
Simplesmente o único que lhe restara.
E sendo uma sanguessuga desdentada,
Sorvia... e dava uma longa inspirada...
Sorvia... e ofegava...
Sorvia... e derretia-se...
Para ser agraciado por seu maior deleite
Uma enorme força curvava-lhe as costas.
Mas fatigado, não privou da pequena morte.
Oh, sim... Esqueceu-se do dilúculo;
Que despertou antes que ele pudesse acordar,
E mais desditoso - que sempre fôra - foi
Quando o Astro Majestoso nem apontava
Na linha tênue que céu e terra separa,
Em cinzas ficou uma vez que os raios luzidios
Recoloriam o mundo.
Esperta o mancebo,
Que, em um simples contato de dedos plúmbeos,
Retira o pó que maculava seu pijama.
(CaosCidade Maravilhosa, 1º de novembro de 2006. Este poema pertence ao meu projeto "Marina em Poesia".)