[Ato XII] Rotina

A mesma mesmice... Todo santo dia...

De terno completo, a matinal refeição

Mal engolia, assim como mal se despedia

da esposa, e assim como o carro na sala -

Palitó atrás - ao volante se acomodava.

O retrovisor tinha feito reflexão

Do quadro de flamboyant. Longo atraso.

A burocracia do trânsito... Chega,

Sai do carro, vai em direção ao quarto

Com pasta entre as mãos, e vê passar

o dia todo na cadeira a se balançar

Pontualmente às seis da tarde - êpa! -

Cruza a sala, entra novamente

no automóvel. O abraço da esposa espera.

No inverno mais carrasco friamente,

casa enclausurada, mortas janelas

Para o mundo, nada em uníssono.

A sala se afoga em monóxido de carbono.

(CaosCidade Maravilhosa, 1º de maio de 2007. Poema criado para meu projeto "Marina em Poesia".)